Meu coração é uma folha rasgada.
Meu silêncio é incomunicável. Mas estrondosamente audível.
Minha certeza é nada mais que fechar os olhos e ouvir o tique do relógio. Parado.
Minha esperança é uma febre que nunca passa.
Minha liberdade é uma ofensa, é fruto do desejo de ser preso por mãos carinhosas.
Minhas andanças são tentativas de encontrar caminhos que não existem. De inventar caminhos.
Minha floresta perde folhas sem sangrar, mas sente. Minha solidão é o que eu tenho de mais meu. Ninguém me pode roubar o silêncio.
Minha voz é a procura da criação de outras vozes que saibam o que vou dizer sem que eu tenha dito.
Minha ansiedade é uma bússola que sempre aponta pro norte mas que leva pro lado contrário.
Meu sentimento é indecifrável só por aqueles que acham que me conhecem muito bem.
Meus livros são um abrigo quando o que desmorona são meus olhos.
Meus dedos são frágeis só quando não sabem o que querem tocar.
Minha fé é em pó solúvel, já disse uma antiga música, e eu não preciso dela. É perfeitamente mutável.
Minhas músicas são tudo o que sou e que não defino. Definições mudam.
Meus hábitos são sempre fruto de convivência demasiada.
Sou assim, uma mistura de tudo que fui sou serei. De todas as pessoas que conheci. Eu não sou original; tudo que sou provém do que já vi os outros vivendo, sou uma cópia malfeita de mim.
Minha vida é uma produção cinematográfica que não deu muito certo. Um cult-trash onde todos os personagens se contradizem.
Minhas palavras não possuem sentido completo e não fazem sentido.
Só se for sentido.
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