Não é que eu não quisesse estar com você. Mas precisei estar a sós comigo, envolvida em todos os meus silêncios recentes, antigos.
No meu jeito de precisar ser como estou e perceber quem estava ali, arraigada. Qual sentimento trazia depois de digerir tua chegada, nosso romance com prazo de validade, essa paixão sem saudade, mas desmesurada. Talvez nem seja paixão, ou seja uma paixão sem ser avassaladora, ou eu esteja menos intensa com o cansaço dos dias quentes. Precisei me recuperar do sol inclemente, deste oba-oba interminável, teu coração fazendo festa comigo, teu jeito acolhedor de compreender que nem o seu corpo hoje me serviria de abrigo. Talvez hoje eu só quisesse você como amigo. Mas o teu abraço desejoso de algo mais, sempre.
Às vezes não tenho para dar nem o que me sobra.
E você nunca vai entender o meu comportamento, porque eu também não o entendo.
Planejei a nossa noite durante todo o dia e, quando finalmente te olhei nossos, pressenti: eu me quero só pra mim, com todas as palavras vadias e a minha cama, do lado esquerdo, vazia.
(Marla de Queiroz)
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