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Desventuras (de uma mesma) âncora...



By  bomdiathams     quarta-feira, abril 04, 2012     


(ou: Como se me faltasse uma asa.)


Um lugar bucólico e cinza nas entranhas de um caderno manchado: meu pesares.
Esses que lentamente, se transformam em nuance, maliciosas cores do céu.
De novo, São Paulo refletindo meu estado de espírito. (os versos cantam: chove lá fora / e aqui / está tão vazio / me dá vontade de saber...)


O peso dos livros aumenta; e são eles que me carregam. Hoje, em especial, não sei quem sou nem em que dia estou. Eles me transferem pra outro calendário: em números impessoais, sem marcações de ponteiros nem datas. 


Uma tarde regada a péssimas provocações. Provocações em hora errada, mas que deviam estar sorrateiras a esperar justamente por um dia como esse. Minha guarda estava baixa, consequentemente fui ferida. Mas não sangro. O que escorre em escarlate escuro é o doce veneno do ódio. Queima, sim, como só o ácido da raiva tem o poder de esquentar seu interior... e desce melhor do que o álcool destilado da noite passada.


Nesse instante, furo a multidão e me coloco nela como um incômodo, pra tentar aliviar o incômodo que é ser eu mesma num dia como esse. Armada de um cigarro e de um olhar, julgo ser capaz de desviar de outros tantos cigarros e olhares na direção contrária.
Hoje estou na minha direção contrária.


Não sei bem porquê, nunca me senti assim, tão fora de mim, tão dominada por um sentimento hostil e tenebroso. 
Mas hoje, especialmente hoje: me abro pras trevas que há muito em mim não existiam. 

Sobre bomdiathams

Escrevo porque não sei lidar. Por isso sou tentativa, despedida, impossibilidade que termina em tempestade. Escrevo porque não me resta alternativa se não derramar. Escrevo pra me livrar, ser um dia livre - e inconstante, como todas as minhas nuvens. (Jornalista, militante e capitã da areia.)

Um comentário:

Poeta da Colina disse...

Nossos infernos são sempre presentes, o bom é que conhecemos as suas saídas.