Desventuras (de uma mesma) âncora...
(ou: Como se me faltasse uma asa.)
Um lugar bucólico e cinza nas entranhas de um caderno manchado: meu pesares.
Esses que lentamente, se transformam em nuance, maliciosas cores do céu.
De novo, São Paulo refletindo meu estado de espírito. (os versos cantam: chove lá fora / e aqui / está tão vazio / me dá vontade de saber...)
O peso dos livros aumenta; e são eles que me carregam. Hoje, em especial, não sei quem sou nem em que dia estou. Eles me transferem pra outro calendário: em números impessoais, sem marcações de ponteiros nem datas.
Uma tarde regada a péssimas provocações. Provocações em hora errada, mas que deviam estar sorrateiras a esperar justamente por um dia como esse. Minha guarda estava baixa, consequentemente fui ferida. Mas não sangro. O que escorre em escarlate escuro é o doce veneno do ódio. Queima, sim, como só o ácido da raiva tem o poder de esquentar seu interior... e desce melhor do que o álcool destilado da noite passada.
Nesse instante, furo a multidão e me coloco nela como um incômodo, pra tentar aliviar o incômodo que é ser eu mesma num dia como esse. Armada de um cigarro e de um olhar, julgo ser capaz de desviar de outros tantos cigarros e olhares na direção contrária.
Hoje estou na minha direção contrária.
Não sei bem porquê, nunca me senti assim, tão fora de mim, tão dominada por um sentimento hostil e tenebroso.
Mas hoje, especialmente hoje: me abro pras trevas que há muito em mim não existiam.
Um comentário:
Nossos infernos são sempre presentes, o bom é que conhecemos as suas saídas.
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