Por detrás dos desenhos geométricos que faz o sol refletido em minha janela, alguns poucos pássaros rasgam o céu, riscando com uma sombra rápida o cair do dia. Cobrindo de beleza a tarde teimosa em se pôr, eles assobiam canções que eu desconheço, mas que possui uma sublime perfeição, instigando a curiosidade. O que será que os pássaros conversam?
Minha bagagem aberta ao pé da cama indica uma viagem que ainda não fiz. Um sonho longíquo. E hoje me sinto tão longe que até a distância foi embora. Em contrapartida à mala aberta, meu coração parece obstruído. Mas não sei se sangra. Apenas dói, com a dor que só o espírito saberia compreender, não as palavras.
Preciso ultrapassar essa fase, evoluir. No meu destino se encaixa a harmonia de um lugar somente meu. Uma transição que esteve guardada dentro alma durante muito tempo e agora quer se libertar. Minhas asas querem surgir, brotar nas costas e duplicar calmamente de tamanho, enquanto me assombro e me delicio com essa súbita liberdade.
Ser como os pássaros, bater asas e me transcender: numa linguagem que só os pássaros conheçam.
É preciso ter asas
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