Já começou a arrumar atenuantes, a levantar prós e contras se vale ou não a pena continuar. O segredo dos dois virou plebiscito entre os amigos, novela com torcida organizada. É triste, o envolvido é sempre o último a saber.
Quem faz balanço abandonou a relação. Para amar, não precisamos de motivos. Só dependemos de justificativas para nos separar, reparou? Quando amamos, o mundo pode estar contra nós, que inventamos um jeito de ficar juntos.
[...] Seu medo é conversa da boca para fora. Não tem como agradar dizendo adeus. Não há como ser educada na despedida. O rompimento é brusco e gera mal-entendido. Assuma a responsabilidade de terminar a história.
[...]
Não é um impasse, mas teimosia. Dúvida não há: ficamos evitando aquilo que já se decidiu. Escolher não é questão de força, mas de rendição, de humildade. Escolher é ganhar a paz de tentar, é aceitar que não pode mandar nos acontecimentos. Ninguém tem espiões do futuro. Ao contrário, o futuro determina o valor do que nos aconteceu. Sua demora é a vontade de ser perfeita; ânsia de empreender a própria vontade, mas ainda assim agradar aos outros.
É a primeira vez que chega ao fim de uma história, natural se sentir assustada. O que talvez não adivinhe é que isso não muda com o tempo – sempre difícil alterar um destino. A gente tem alergia a transformações – as conversões nos arrepiam, afinal, elas são o atestado de que o tempo passa para todos. [...] Não há como seguir sem desgastes. [...] Alguns amigos não vão permanecer. São custos a arcar: é o que não está pretendendo admitir.
Ao insistir para não perder nada, coloca tudo a perder. Torna-se insuportável até mesmo a amizade: é uma esperança amarga. Transferir a responsabilidade para o cansaço é uma derrota perigosa. [...]
Preserve o passado."
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